As pessoas estão tão assustadas e a cada momento as notícias se renovam: na mesma medida em que cresce o número de infectados, aumentam também as restrições à circulação das pessoas. Logo, ficar em casa não será mais uma questão de escolha, mas o fato de que não haverá para onde ir e nem transporte para ir.
Na primeira semana de reclusão doméstica por causa do coronavírus percebi que estabelecer e manter uma rotina pode ser a chave para enfrentar com serenidade as semanas que virão – e ninguém sabe ao certo quanto tempo ainda vamos ficar confinados em casa.
Mesmo para quem está acostumado a ficar em casa mais tempo, ou já trabalha em sistema de home office, a situação atual é bem diferente. Estão todos em casa (ou todos aqueles que foram dispensados da escola/trabalho ou puderam fazer a escolha), mas não estamos de férias. Pelo contrário, a situação é tensa porque não temos ideia de quanto tempo ficaremos nesta situação e como a epidemia irá evoluir, ou como ficará nossa situação econômica (como manteremos nossos trabalhos e salários) nas próximas semanas e meses.
Rotina ajuda a manter um estado mental positivo
Então pude perceber como manter a rotina – ou pelo menos o que sobrou dela – nos mantém ativos e num estado mental mais positivo. As escolas das minhas duas filhas adolescentes suspenderam as aulas no último dia 13 de março. Mas a escola da caçula, que está no 1o ano do Ensino Médio, já iniciou na 2a feira seguinte, dia 16, um programa de e-learning no período normal de aulas. Usando uma plataforma on-line os professores dão as aulas na escola e os alunos acompanham pelo computador, cada um na sua casa. E a rotina segue, com espaço para dúvidas dos alunos, tempo para fazer exercícios durante a aula, hora do lanche, e até atividades na aula de Educação Física. Hoje depois da aula rolou até um trabalho em grupo. Tudo virtual, é claro!
Já minha filha mais velha, que está na faculdade, embora tenha um programa de aulas e exercícios on-line, que seriam os extraclasse, a faculdade não tem um esquema de aulas “ao vivo”. Ela estava acostumada a uma rotina bem forte de aulas, saía de casa às 6h da manhã para ir para a faculdade e às vezes tinha aulas e atividades o dia todo. Senti esta semana que minha filha ficou meio perdida, sobra tempo e ela não sabe o que fazer com ele.
Como estou acostumada ao sistema de home office já há muitos anos aprendi, não sem algum sofrimento, que algumas providências simples fazem toda a diferença nessa nova rotina. E ajudam a manter a nossa sanidade mental:
1 – estabeleça uma rotina
No início da minha vida em home office, lembro de ler um artigo do jornalista Caio Blinder publicado na revista Exame (se não me engano, pois não encontrei o artigo na internet para linkar aqui). Mas no texto ele contava sobre sua rotina de trabalho em casa, em Nova York. Ele dizia que sua vizinha certamente afirmaria que ele trabalhava fora, pois todos os dias o via sair vestido como se fosse para o escritório. Blinder contava que costumava sair todos os dias no mesmo horário, deixava os filhos na escola, passava no Starbucks para comprar um café, um hábito bem americano, e aí retornava para casa e começava a trabalhar.
Ok, neste momento, sair e tomar um café no Starbucks ou na padaria, como é mais do costume brasileiro, está fora de cogitação. Mas a ideia aqui é: mantenha um horário para sair da cama, troque de roupa, tome seu café e aí comece seu trabalho/estudo.
2 – não fique de pijama o dia todo
Pode parecer fantástico trabalhar de pijama, mas trocar de roupa e vestir-se adequadamente muda nosso humor e ajuda a entrar num clima de trabalho. Estamos em casa e, como por hora não tem chance de recebermos visitas, então não precisa usar saia lápis e salto, ou paletó e gravata, caso você costume trabalhar assim. Uma roupa confortável e cabelos penteados, caso o chefe ou um cliente chamem para uma videoconferência em cima da hora, já estão de bom tamanho.
3 – cuide do sono e da alimentação
Não estamos de férias. Mesmo que você esteja em casa, mas não necessariamente trabalhando ou estudando, procure manter seu horário habitual de sono e uma alimentação regular e saudável. Estando saudáveis teremos menos chance de desenvolver o coronavírus, ou qualquer outro tipo de vírus.
4 – limite o noticiário e as redes sociais
Estar informado é importante, mas estabelecer um limite de tempo para as notícias e redes sociais é fundamental para manter o foco. Inclusive porque as próximas semanas trarão uma avalanche de notícias preocupantes, conflitantes e, infelizmente, muitas fake news. Já temos tensão suficiente nas nossas vidas para lidar neste momento. Saber dosar esse filtro é essencial.
5 – tudo o que temos agora é tempo, aproveite
Se você está com o tempo livre em casa, aproveite para melhorar seus conhecimentos na sua área de trabalho, estudar uma língua, ou explorar novas possibilidades numa área que você sempre quis conhecer/trabalhar/cultivar como hobby, mas não tinha tempo. Tempo, agora, é o que mais temos. Diversas empresas estão liberando cursos gratuitos ou dando ótimos descontos para cursos on-line. Procure se informar, a variedade é enorme. Afinal, não estamos de férias. As férias têm prazo para terminar, e esta quarentena não sabemos ao certo quando termina.
